Em abril de 2020, 60% dos profissionais acreditava que os preços iriam cair. Já no início de fevereiro de 2021, 65% admitia que iriam manter-se ou aumentar nos três meses subsequentes

Passado pouco mais de um ano desde o início desta pandemia, este é, sem dúvida, um momento interessante para analisarmos os nossos números com o objetivo de perceber os movimentos do mercado, de forma a estarmos preparados para o que podemos esperar num futuro próximo.

A incerteza em que vivemos e a sombra da crise que teima em pairar sobre a economia portuguesa colocam uma grande interrogação no futuro do Imobiliário. Há vários fatores a ter em conta, entre estes destacamos os preços, que podem ser impactados por acontecimentos não previstos, como novas vagas, vacinas e o fim das moratórias, por exemplo.

Segundo pesquisas desenvolvidas no Imovirtual, em abril de 2020, 60% dos profissionais acreditava que os preços iriam cair. Já no início de fevereiro de 2021, 65% admitia que iriam manter-se ou aumentar nos três meses subsequentes. Podíamos dizer que “prognósticos só mesmo no fim do jogo”, mas sabemos agora que o que vimos acontecer até este momento foi diferente da expectativa de uma boa parte do mercado.

O momento de maior pessimismo aconteceu logo no início do primeiro confinamento, sendo que vimos este sentimento melhorar ao longo de 2020. Em 2021, com o novo confinamento, o otimismo voltou a diminuir, mas não nos mesmos níveis do ano anterior, tanto nas expectativas de preço como de vendas. Este aspeto refletiu-se na procura no Imovirtual, que continuou a aumentar, e também nos movimentos dos preços. No caso do preço de imóveis para venda, apesar de ter desacelerado, continua a crescer.

Ao nível dos novos anúncios de imóveis disponíveis no Portal, percebemos que o mercado imobiliário registou um grande crescimento a partir do final do primeiro confinamento, tendo atingido o ponto máximo em setembro e mantendo-se estável até novembro. Em dezembro, por conta da sazonalidade de final de ano, e em janeiro, provavelmente pelas restrições de visitas presenciais, esse número diminuiu. A tendência reverteu-se apenas a partir de março em consequência da abertura do mercado.

Registou-se uma queda do preço de arrendamento das casas de cerca de 15% em 12 meses, com maior impacto nos grandes centros, Lisboa -16% e Porto -20%, tanto para apartamentos como para moradias. No segmento de venda notou-se uma ligeira queda inicial nos preços após o primeiro confinamento, que atualmente estabilizou, revelando valores em linha com os de há 12 meses.

A nível internacional, os mercados reagiram de formas diferentes e Portugal parece ter respondido positivamente. Esta é a conclusão de um estudo do Grupo OLX, que opera em países da Europa, América Latina e Ásia e do qual o Imovirtual faz parte. A análise debruçou-se sobre 13 países, de três continentes distintos, que ao todo representam cerca de 11% da população mundial.

De acordo com os números internos, o preço dos imóveis manteve-se estável nos países europeus que fizeram parte do estudo – Polónia, Roménia, Bulgária, Ucrânia e Portugal. Contudo, registou-se uma tendência para o decréscimo do valor das casas para alugar, enquanto o preço dos apartamentos para venda encontra-se ao mesmo nível ou aumentou.

O certo é que alguns dos segmentos têm revelado aumentos significativos de procura. É o caso da procura por moradias, que disparou 115%. Esta tendência parece estar relacionada com o momento atual em que vivemos e acredito que agora seja muito difícil prever o que pode vir a acontecer. Tudo vai depender de como as pessoas irão passar a viver no momento em que a pandemia passar.

Ao compararmos março de 2020, altura do primeiro confinamento, com janeiro deste ano, mês em que começou o segundo confinamento, verificamos um crescimento na procura de imóveis para comprar em zonas menos centrais, como é o caso de Braga (+109%), Leiria (+71%) e Coimbra (+35%). O mais provável é que esta tendência esteja diretamente relacionada com o número de pessoas em teletrabalho. Todavia, é difícil prever o que poderá acontecer no futuro. Acredito que o que a definirá será a política que as empresas vão adotar no pós-pandemia e isso depende de quanto tempo esta fase irá durar e de como cada empresa fez a sua adaptação.

A pandemia trouxe mais profissionais do imobiliário ao Imovirtual, cuja base de clientes profissionais refletiu um aumento de quase 15% em apenas um ano, já que muitas agências tiveram de ampliar a sua presença online para continuar a existir. Muitas das empresas que antes não viam necessidade de estar presentes online tiveram que rever as suas estratégias de marketing.

Ainda assim, os progressos que as empresas fizeram no digital para colmatar os entraves a que estavam sujeitas parecem ser substanciais. O crescimento da procura por imóveis online, tal como assistimos no Imovirtual, vem reforçar essa mesma importância.

Esta pandemia mostrou que as pessoas estão muito mais criteriosas antes de realizar uma visita física. Esta tendência alicerça-se no facto de assistirmos a um aumento de cinco vezes mais das visitas virtuais disponíveis no Portal. Acredito que continua a ser essencial para os compradores realizar a visita física ao imóvel antes de o adquirir, mas cada vez mais estes irão utilizar ferramentas digitais para priorizar as visitas.

Fonte: Visão.pt