Quem está a pensar comprar casa em Portugal vai encontrar um mercado hipotecário bem mais atrativo face há um ano. As taxas Euribor continuam a seguir a sua trajetória de descida, estando cada vez mais perto dos 2%, tornando as prestações da casa nos novos créditos habitação mais acessíveis. E tudo indica que a Euribor terá novos estímulos para descer se o Banco Central Europeu (BCE) avançar com um novo corte das suas taxas diretoras na reunião desta quinta-feira, dia 5 de junho. 

Mesmo não havendo reunião do BCE em maio, as taxas Euribor voltaram a descer ao longo do mês, antecipando novos cortes dos juros diretores este ano. Assim ficaram as médias mensais da Euribor para todos os prazos em maio, que vão influenciar as prestações da casa tanto nos novos empréstimos como nos existentes que tenham revisão agendada para junho:

Euribor a 12 meses: fixou-se em 2,081% em maio, menos 0,062 pontos percentuais (p.p.) face a abril;
Euribor a 6 meses: média mensal voltou a cair para 2,116%, menos 0,086 p.p. face ao mês anterior;
Euribor a 3 meses: desceu para 2,087% em maio, uma redução mensal de 0,162 p.p.;
Salta à vista que as taxas Euribor estão a aproximar-se cada vez mais do patamar de 2%, o qual pode mesmo ser ultrapassado em junho. E verifica-se ainda que a Euribor a 3 meses está a descer a um ritmo muito maior do que os restantes prazos, podendo tornar-se na taxa mais baixa de todas no próximo mês. Tal como explicamos neste artigo, esta mudança é o primeiro sinal de inversão do ciclo de descida dos juros no crédito habitação, que terá fim no curto prazo. 

Como ficam as prestações da casa em junho?
Estas recentes descidas das taxas Euribor em maio vão ser impacto em baixa nas prestações da casa relativas aos créditos habitação contratados em junho, quando comparadas com as condições do mês anterior. É isso que mostram as simulações do idealista/créditohabitação, que têm em conta um empréstimo da casa a taxa variável contratado em junho (que usa a média mensal da Euribor de maio) no valor no valor de 150.000 euros, com spread 1% e prazo de 30 anos:

Euribor a 12 meses: aqui a prestação da casa será de 638 euros nos doze meses começados em junho, menos cinco euros do que quem contratou em maio;
Euribor a 6 meses: a prestação da casa a pagar em junho e nos cinco meses seguintes será de 642 euros, menos 6 euros face à prestação calculada para um crédito assinado em maio;
Euribor a 3 meses: a prestação da casa será de 639 euros nos primeiros três meses do contrato, menos 13 euros face ao mês anterior.
As reduções das taxas Euribor também vão influenciar as prestações da casa de quem já está a pagar créditos habitação a taxa variável (ou mista em período variável), que representam a maioria dos contratos para habitação própria e permanente em vigor no nosso país, segundo os dados do Banco de Portugal. Por exemplo, há um ano quem contratou um crédito habitação indexado à Euribor a 12 meses pagaria 3,68% de juros somado ao spread. Agora, quando rever a prestação deverá sentir uma diferença significativa, uma vez que esta taxa esta 1,599 p.p. mais baixa (2,081%). De notar que a dimensão da descida da prestação depende também do montante em dívida, além do ano do contrato e condições do empréstimo. 

Qual será o futuro da Euribor?
Tudo indica que as taxas Euribor vão continuar a descer este ano, embora pouco. E tudo continua a depender das decisões de política monetária do BCE, que se vai voltar a reunir esta quinta-feira, dia 5 de junho. 

“Acreditamos que o BCE vai reduzir as taxas em 25 pontos base na próxima semana, o que poderá dar um novo (e provavelmente não o último) impulso de descida à Euribor a 12 meses. Se este corte ocorrer, é provável que a Euribor ultrapasse a barreira dos 2% na sua trajetória descendente, o que não acontece desde setembro de 2022”, referem os analistas da Ebury Portugal ao idealista/news.

“O caminho que o BCE seguirá após a reunião de junho dependerá, em grande medida, do novo ‘status quo’ comercial entre os EUA e a União Europeia (UE)”, referem os mesmos analistas indicando que “os mercados de swaps estão atualmente a prever mais um corte nas taxas após junho e nós acreditamos que essa é uma possibilidade razoável”.

Mas “se a UE não sofrer grandes surpresas tarifárias e a zona euro mantiver alguma resiliência no resto do ano, o ciclo de corte de taxas do BCE está perto do fim, após um ou dois cortes de taxas no resto do ano. Consequentemente, a Euribor a 12 meses também está perto de atingir o mínimo”, explicam ainda desde a Ebury Portugal.

Fonte:idealista.pt